segunda-feira, 21 de agosto de 2017

A Sombra do Vampiro

"Este filme não é mais seu!"
A Sombra do Vampiro trata-se de uma ficção sobre as filmagens do filme Nosferatu, eine Symphonie des Grauens de 1922, dirigido por Friedrich Wilhelm Murnau. A Sombra do Vampiro foi dirigido por ninguém mais que E. Elias Merhige, a mente por trás de Begotten, um filme muito interessante, uma história visual surreal. E aqui Elias entregou um filme muito divertido (o que parece ser o exato oposto da experiencia de Begotten), com cenas mais engraçadas e leves, mas vamos falar um pouco da história.
Tudo começa quando o nosso querido Murnau (John Malkovich) está se preparando para dirigir Nosferatu, que será produzido por Aubin Grau (Udo Kier), tudo parece normal até que Murnau chama o misterioso ator Max Schreck (Willem Dafoe) para interpretar o vilão da história, Graf Orlok.
Mas Schreck aparentemente é um ator metódico e muito difícil de trabalhar, as coisas ficam tão bizarras que começa a ficar difícil de dizer se ele é apenas um ator que foi longe demais no método ou se ele é realmente um vampiro. E sobra para Murnau ter que fazer as coisas funcionarem direito. 
A história basicamente é essa, tem mais a presença de Cary Elwes interpretando Fritz Arno Wagner, que está por trás da fotografia do filme e tem umas cenas legais, e Catherine McCormack interpretando Greta Schroder, a atriz principal e objeto de desejo de Orlok.
Uma das coisas que mais chama atenção nesse filme é o cuidado com a luz e sombra, pra quem leu meu post sobre Tenebrismo, saiba que aqui temos um exemplo de filme que usa essa estética a sua vantagem. Como eu disse naquele post, os expressionistas alemães foram uma das maiores influencias para o uso do chiaroscuro nos filmes e como esse filme conta a história do maior filme de terror expressionista, ele segue essa tendencia.
Eu acho que nem preciso falar muito das atuações, visto o calibre dos atores da produção, todos estão ótimos. John Malcovich e Udo Kier mandam bem fazendo qualquer coisa, Willem Dafoe simplesmente destruiu nesse papel, como em quase tudo o que ele faz, Cary Elwes e Catherine McCormack são só mais um aditivo nesse espetáculo, e encaixam perfeitamente.
No fim das contas, A Sombra do Vampiro é um filme divertido e esquisito num estilo indie, e eu gostei muito dele, pra mim valeu.
Eu Recomendo.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Corrente do Mal

"O que voce pode fazer é passar para outra pessoa"
Sim, o título do filme em portugues BR é Corrente do Mal, o que faz com que pareça algo sobre correntes de e-mail ou do orkut, e felizmente não é nada disso. Corrente do Mal é uma "homenagem" aos filmes de terror oitentistas e se trata de uma entidade que persegue suas vítimas, mas para falar dessa entidade, falemos também da história.
A história se passa nos tempos atuais e segue a protagonista, Jay (Maika Monroe), sua irmã e seus amigos. Sua vida é tranquila até ela ter uma relação sexual com um sujeito que conhecia e pegar AIDS pegar um demônio sexualmente transmissível (???)... Enfim, essa criatura só pode ser vista por ela e pelo garoto que a passou o dito bicho. A criatura passa a perseguir a garota e a única maneira de pará-la é a passando para outra pessoa da mesma maneira que a ganhou.
A premissa é simples, mas é bem feita, o diretor e escritor desse filme, David Robert Mitchell, não tem muita coisa no currículo ainda, mas esse filme é um grande peso. Como eu disse antes, ele vai buscar referencias nos filmes dos anos 80, muitas das composições e até coisas que acontecem remetem a esses filmes. Um exemplo que está bem na cara é o fato desses adolescentes usarem pouco seus celulares e assistirem filmes de ficção científica em preto e branco que provavelmente foram feitos nos anos 50 (???²).
Esse carro não foi escolhido por acaso, foi pra dar aquele ar de filme oitentista
E essa cena parece saída diretamente de Halloween de John Carpenter
Outra coisa que brilha nesse filme é a trilha sonora, uma das melhores que eu ouvi nos últimos tempos, é um teclado meio New Order misturado com aquelas sinfonias de jogos de terror 16-bit do super nintendo (???³), fazia um tempinho que eu não escutava algo assim (tirando da conta aí o uso de Elegia em tudo, porque essa música é o que há).
Pra falar um pouco dos erros, tem momentos em que os personagens usam a famosa lógica de filme e fazem burrices, mas como é um filme bem estilo anos oitenta, eu to quase perdoando isso (QUASE), e o final é meio genérico, o clímax é muito bom, mas o finalzinho é bem méh.
Mas foi bom ter um filme da atualidade que mandou um estilo de terror antigo que é gostoso de se assistir, pra mim já valeu.
Eu recomendo.

sábado, 12 de agosto de 2017

Valhalla Rising

"O garoto disse que ele veio do inferno... Talvez seja pra onde estamos indo."
Dirigido por Nicolas Winding Refn, Valhalla Rising é um filme sobre esse cara caolho de poucas palavras (Mads Mikkelsen) que mata pessoas na pura violencia. Depois de fugir da escravidão de alguns caras celtas, ele e um garoto encontram alguns guerreiros que desejam ir para Jerusalém e lutar nas Cruzadas. Os dois decidem acompanha-los.
Embora tenha uma história simples, o negócio aqui é o visual, o forte desse diretor. A história é contada com poucos diálogos, na verdade o personagem principal não fala nada. Esse filme parece uma mistura de "Aguirre - A Cólera dos Deuses" e um filme fodido de arte. O filme é dividido em capítulos que dividem os momentos principais da trama e aumentam a expectativa cada vez que aparecem.
Sobre as atuações, não tem muito o que dizer do Mads Mikkelsen, o cara é mesmo um tesouro vindo da Dinamarca, sempre bem em tudo o que faz. O resto do elenco é convincente, tem algumas cenas muito interessantes num barco e numa floresta em que os personagens passam por grandes conflitos e todos se saem bem.
Como a maioria dos filmes de arte, esse é uma experiencia visual diferente dos filmes de Hollywood, tudo é reflexivo e talvez um pouco niilista, de certa forma. Por isso que talvez eu faça um paralelo com Aguirre, visto que aquele filme também se desenvolve dessa maneira. 
O início tem umas cenas bem sanguinárias e violentas, mas elas não são muito exageradas, elas servem seu propósito de nos inserir no mundo desse filme. A única coisa que eu achei meio over foi justamente esse elemento de art house mais pro fim do filme, que ficou proeminente demais e desnecessário, a história caminharia sem nenhum problema sem aquilo, mas enfim, é art house, sempre tem esse tipo de coisa nesses filmes. Esse filme foi interessante e valeu a pena
Eu recomendo.

Sob a Sombra

"Os ventos se referem a misteriosas forças mágicas e etéreas que podem estar em todo lugar"
Sob a Sombra se trata de um filme de terror psicológico que mostra a ação de uma possível entidade maligna, junto a vida das pessoas no Irã durante os anos 80. Já no começo do filme pode-se perceber que o foco é na vida dessa mãe (Nashi Rashidi) e sua filha (Avin Manshadi) que tentam viver suas vidas normalmente no meio das guerras e com a ameaça de bombas, que podem cair em suas casas a qualquer momento.

Depois que o pai da família é mandado para a guerra como médico, a mãe e sua filha tem que se virar sem ele, porém é justamente aí que um Djinn começa a aterrorizar as duas. Mas lembre-se, isso não é um filme de monstros, espíritos ou demonios, é um filme de terror psicológico e o foco nunca deixa as duas personagens principais. 
E falando nas personagens principais, as duas atrizes são muito boas, eu fiquei impressionado em como a menina acabou se tornando o personagem que mais me entreteu. Não foi uma atuação super elaborada, mas eu gostei muito da confiança do roteiro e do diretor em permitir que a garotinha tivesse várias cenas interessantes. Muita gente pode achar esse um possível ponto fraco por alguns motivos (como a correria por causa da boneca, que pode ser irritante para alguns), mas para mim não foi e eu me diverti demais.
O começo do filme é um tanto lento e com certeza não é o estilo de filme de terror do cinema atual, visto que toma muito tempo para estabelecer os personagens e seus modos de pensar e agir, os sustinhos rápidos juntos com barulhos ridiculamente altos (famosos jumpscares) são escassos e o terror se instaura na paranoia e medo crescente.
O final do filme vai do suspense a tensão e o horror numa velocidade incrível e agradável, criando um clímax memorável e que vale o filme inteiro. Se voce está procurando algo fora da fórmula do terror moderno e algo diferente até mesmo culturalmente, esse é o filme que voce está procurando. O filme tem cenas bonitas e um mistério que o carrega até o fim. Eu acho que valeu a pena.
Eu recomendo.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Rei Arthur: A Lenda da Espada

"A espada é sua... Pegue-a"
Pra falar a verdade, eu não estava muito interessado em ver uma nova versão da lenda do Rei Arthur, mas decidi ver esse filme porque ele parecia interessante, dirigido pelo Guy Ritchie, um diretor que eu gosto muito e com um elenco interessante, ele merecia uma olhada. Então vamos falar um pouco da história. O filme basicamente conta a história da origem do Rei Arthur e a lenda da espada Excalibur, mas ele faz isso no estilo do Guy Ritchie, com diálogos engraçados e cortes de cena que constroem o humor característico desse diretor.
O filme lembra alguma coisa vinda da franquia Piratas do Caribe em certos momentos, com esses personagens meio anti-heróis correndo pra todos os lados e enfrentando inimigos com espadas, parando pra fazer alguma piada aqui e ali. Mas quem são esses inimigos? É a própria armada do Rei Vortigern (Jude Law), irmão do pai de Arthur, Uther (Eric Bana). Vortigern tomou o trono de seu irmão e a única coisa que pode ameaçar seu reinado é o próprio Arthur (Charlie Hunnam), a única pessoa capaz de levantar a espada criada por Merlin e o verdadeiro monarca de Camelot.
Assim que levanta a espada, Arthur é marcado para a morte pelo rei, mas ele se junta com um grupo de cavaleiros para tomar a coroa. Aí sendo seguido por Bedivere (Djimon Hounsou), Bill (Aidan Gillen), George (Tom Wu), Percival (Craig McGinlay) e Morgana Le Fay uma garota sem nome que é uma feiticeira (Astrid Berges-Frisbey), Arthur começa a desenvolver seu plano para se provar o verdadeiro Rei de Camelot, porém ele precisa lutar consigo mesmo para empunhar Excalibur.
Eu me diverti vendo esse filme, ele foi um pouco mais do que eu esperava, mas isso não significa que não tenha erros, um dos maiores é o uso excessivo de magia, é uma escolha do roteiro, mas eu sempre gostei mais das representações das lendas arthurianas quando elas ficaram um pouco mais pé no chão. Esse filme quer ser um tipo de novo Senhor dos Anéis, mas ao mesmo tempo ele tem um estilo que lembra mais Piratas do Caribe, uma hora ele está nessa ação com criaturas gigantescas e cavaleiros de fogo, e na outra ele acompanha uma luta entre soldados que lembra mais o filme Robin Hood do Ridley Scott. E é nessa parte um pouco mais real que o filme é muito bom, mesmo com todas as piadas, ele funciona, parece um mundo que funciona, mas quando ele força a barra com a magia e as criaturas, acho que o filme perde um pouco o charme pra tentar ser mais épico do que ele já estava sendo.
A atuação é muito boa, a escolha das músicas também, o filme funciona muito bem nessas partes. Mas outra que não funciona muito bem é o final, ele é um pouco morto, é o único momento que a trilha parecia meio errada, começa um crescendo que parece construir um momento épico, mas então o momento épico chega e o crescendo continua e só para quando o filme já está em alguns segundos dos créditos, foi uma escolha bem esquisita. 
Resumindo, o filme é bom, as atuações, a música e as cenas mais reais são ótimas e divertidas, as storylines são legais nesses momentos. Mas o filme força demais a barra com magia e criaturas fora da casinha, que parecem brigar com o resto do tom do filme, se diminuíssem o tom dessas cenas mais fantasiosas aí uns 40%, seria um filme mais interessante, do jeito que está parece muito exagerado. Mas valeu a pena!
Eu recomendo sim.